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BIOGRAFIA

Dra Maria de Lourdes, cientista,  hematologista brasileira  cuja a pesquisa sobre o sangue  foi essencial para  o tratamento contra  as Anemias Genéticas (Doenças Falciformes e Talassemias). Foi a primeira professora negra na área de Hematologia no Instituto de Ciências da Saúde da UFBA e pioneira na Bahia a investigar sobre Anemia Falciforme.

Em 1998, realizou uma pesquisa junto com o Médico Nigeriano  Oladapo Ladipo e o  Dr Elcimar Coutinho sobre o uso de implantes anticonceptivos de acetato de nomegestrol em mulheres com Anemia Falciforme.

Junto com a parasitologista Maria de Fátima Brazil dos Santos criou,  em parceria com o Governo do Estado e o Hospital Roberto Santos o  Programa “Hospital vai ao Bairro”, um serviço especializado para detectar e tratar Anemias Genéticas (Doenças Falciformes e Talassemias),  Anemias Adquiridas e Infestações Parasitárias em bairros periféricos  de Salvador e em cidades do interior.

Atualmente é colunista da revista médica LaborNews, tendo produzido mais de 218 artigos acadêmicos em Revistas Científicas.

 

A Família

A Dra. Maria de Lourdes Pires Nascimento nasceu em 4 de maio de 1939  no Centro Histórico  de Salvador, na rua  Cruzeiro do São Francisco, n° 35. Para sua família,  ter acesso a educação e ao conhecimento era uma forma de resistência. Seus avós maternos, Antonieta Gomes Pires e Cecílio Mota Pires, Alfaiate,  eram integrantes da Sociedade Protetora dos Desvalidos, fundada em 1832,  sendo a primeira organização civil negra no Brasil cujo objetivo era a compra de alforria e pagamento de cursos de formação profissional a ex-escravizados. Seus avós paternos Mário Manoel do Nascimento e Maria das Virgens do Nascimento eram comerciantes e possuíam lojas no Mercado Modelo.

Primogênita de uma família de 8 filhos.  Sua mãe, Haydée Motta Pires Nascimento formou-se  em Música Especialização em Piano  e Canto Orfeônico e seu pai Lourival Nilo Nascimento em Arquitetura. Maria de Lourdes já tinha 10 anos quando seus pais se formaram. Eles se graduaram no mesmo ano. Sua mãe não participou da sua própria formatura nem na formatura do seu marido porque acabara de dar à luz ao seu filho 7° filho.  Assim, Maria de Lourdes acompanhou seu pai na formatura em Arquitetura. Quando entrou na Reitoria da UFBA, pela primeira vez, com 10 anos, ao lado do seu pai, ela pensou: 

“Um dia,  eu que vou entrar aqui com um canudo”.

 

A Música

“A música me deu o que eu precisava para minha vida e carreira como investigadora:  A Disciplina.”

Aprendeu a tocar piano aos 5 anos na Escola de Música da Bahia. Ganhou uma bolsa de estudos,  por sua maestria como pianista clássica.  Se formou em música, quando cursava o segundo ano de Medicina. Nos últimos anos do curso de música, integrou o grupo Les Girl, como pianista. No Les Girls começou a tocar música  popular. O Les Girls foi o primeiro grupo formado só por mulheres na Bahia. A idealizadora do grupo foi Emília Biancardi Ferreira. 

 

A Medicina

Dra Maria de Lourdes guarda boas lembranças do antigo Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Em uma época em que a diversão na sala de aula era ver quem tirava a nota mais alta, seus professores de biologia foram a motivação para que Maria de Lourdes se tornasse Médica.  Em 1958,  Maria de Lourdes  ingressou na Faculdade de Medicina da UFBA.  Uma mulher a frente do seu tempo, sua história marca momentos de resistência contra o racismo e o machismo dentro da Medicina. Graduou-se em Medicina em 1964, obtendo a especialização em Obstetrícia no ano seguinte, em 1965. 

Em 1968, surgiu a oportunidade de ser professora de Patologia Geral  na Faculdade de Medicina da UFBa. A partir daí passou a dedicar-se aos estudos sobre o sangue, as anemias  e mais especificamente a Anemia Falciforme. Possui mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia(1982), residencia-medica pela Universidade Federal da Bahia(1966), Especializou-se em Laboratório Hemoglobinopatias pela Universidade de São Paulo em 1975, aperfeiçoamento em Metodologia da Pesquisa Aplicada à Educação pela Universidade Federal da Bahia(1976) e aperfeiçoamento no V Course On Tropical Medicine Parasitology pela Cátedras Unesco Universidad de Granada Espanha (1999). 

Foi a primeira professora negra na área de Hematologia  do  Instituto de Ciências da Saúde da UFBa. Entre os anos de 1966 a 2002 foi a única Professora de Patologia da UFBa, ensinando nas Faculdades de Farmácia, Enfermagem e Nutrição. 

 

“Eu não escolhi Falcemia, foi ela quem me escolheu”

 

Uma pessoa curiosa que adora um desafio, foi assim que descobriu um equipamento laboratorial para executar eletroforese doado para a Faculdade, que ninguém conseguia montar, nem identificar sua utilidade. Pediu ajuda para seu irmão,  Geovaldo Nascimento, então professor do Instituto de Física da UFBa,  para montá-lo e descobrir qual era sua função.  Uma vez montado passou a ir aos sábados para “brincar” com o aparelho e encontrar sua utilidade. Colhia os sangues de todos os alunos para investigar. Em uma dessas provas, descobriu um sangue diferente, um sangue com o transmissor da Anemia Falciforme. A Bahia é 40 lugar no mundo com pessoas  que são transmissores de Falcemia e  1° no Brasil. Até então ninguém na Bahia investigava sobre a  Anemia Falciforme, sendo a Professora Maria de Lourdes pioneira na investigação. Naquela época as doenças falciformes eram tidas como doença de negro e de pobre.  A escolha em atender “doença de preto e de pobre” foi o que a motivou a investigar sobre  a Falcemia e as Anemias.

 

Criou e implantou entre  1990 a 1995 o Laboratório de Anemias do Instituto de Ciências da Saúde (UFBa) que executava exames gratuitos para a população de Salvador, especificamente para as suspeitas de Anemias Genéticas (Doenças Falciformes e Talassemias) dando  assistência a mais de 2.631 pessoas. Realizou parceria com a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA) entre 1993 a 1995, para identificar pacientes com Anemia.

Junto com a  Investigadora e Parasitologista Maria de Fátima  Brazil dos Santos criou em parceria com o Governo do Estado e o Hospital Roberto Santos o  Programa “Hospital vai ao Bairro”, um serviço especializado para detectar e tratar Anemias Genéticas (Doenças Falciformes e Talassemias), Anemias Adquiridas e Infestações Parasitárias em bairros periféricos  de Salvador e em cidades do interior.

Em 1998, realizou uma pesquisa junto com o Médico Nigeriano  Oladapo Ladipo e o  Dr Elcimar Coutinho sobre o uso de implantes anticonceptivos de acetato de nomegestrol em mulheres com Anemia Falciforme. 

Atualmente é colunista das revistas médicas LaborNews e a NewsLabs tendo produzido  mais de 270 artigos acadêmicos em Revistas Científicas.

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